A Doença
de Creutzfeldt-Jakob (DCJ)
é uma desordem cerebral caracterizada por perda de memória, tremores, desordem na marcha,postura
rígida e ataques epilépticos, e
paralisia facial que dá a impressão de que a pessoa está sempre sorrindo
(contração muscular involuntária) devida a uma rápida perda de células
cerebrais causada por uma proteína
transmissível chamada príon. A doença incide
em todas as populações humanas com uma incidência típica da doença de 1 caso
para 1.000.000 de habitantes por ano. Normalmente aparece na meia-idade com o
pico de incidência entre 50 a setenta anos. As duas manifestações cardinais são
demência rapidamente progressiva e mioclonia.
A DCJ Clássica
Hans Gerhard Creutzfeldt e Alfons Maria Jakob foram os dois
neurologistas alemães que primeiro descreveram a doença, no início do século
XX. Interessantemente, a maioria dos achados clínicos descritos em suas
primeiras comunicações não se ajustam aos critérios diagnósticos definidos
atualmente para essa doença. Isto sugere que os pacientes diagnosticados como
portadores de DCJ clássica nos estudos iniciais sofriam de uma desordem
completamente diferente.
A
DCJ Clássica se apresenta em diversas formas. Em sua forma adquirida, a proteína
defeituosa é transmitida iatrogenicamente (isto é, como resultado de ação
médica)ao paciente, seja pela utilização de medicamentos (como hormônio de
crescimento, por exemplo) ou de implantes (enxertos de córnea ou de dura-máter,
por exemplo). Neste caso, ocorre uma invasão do corpo do paciente por um príon
externo a ele.
Existem
outras duas formas de DCJ. Nelas, a proteína defeituosa não é transmitida de
uma fonte externa mas é produzida pelos próprios genes do paciente. Na sua
forma hereditária, o alelo do gene cuja ação resulta no príon defeituoso é
herdado mendelianamente. Ou seja, existem famílias em que existe uma maior
probabilidade de ocorrer a DCJ clássica porque elas apresentam uma maior
incidência do alelo do gene causador da doença. Estes casos familiares são
raros e se concentram na Europa Oriental.
Em
sua forma esporádica - também chamada de forma espontânea - o príon defeituoso
aparece após uma mutação que ocorre em um alelo normal (gene que produz a forma
normal da proteína do príon). A mutação transforma este alelo no alelo que
produz o príon defeituoso. Os casos de DCJ clássica desta forma apresentam uma
incidência de cerca de 1: milhão de pessoas da população.
Um
epidemia de DCJ clássica ocorreu nas décadas de 1950 e 1960 entre pessoas do
povo Papua,
nativo da Nova
Guiné. Descobriu-se que a causa próxima era a prática decanibalismo ritual. Apresentando os
sintomas da DCJ, essa doença vitimava principalmente mulheres e crianças, as
pessoas que ingeriam cerimonialmente o cérebro de seus familiares mortos, em um
ritual de luto. Este canibalismo ritual foi apontado como o mecanismo de
transmissão de príons na doença, que ficou conhecida como Kuru.
A descoberta desta forma ritual de transmissão rendeu ao pesquisador Carleton
Gajdusek o Prêmio Nobel de Medicina, no ano de 1976.
O
diagnóstico é usualmente estabelecido pelos achados clínicos e certas
características atípicas nas eletroencefalografias.
A biópsia do tecido cerebral é
definitiva. Ainda não há cura para a doença.
A Nova Variante da Doença de
Creutzfeldt-Jakob (nCJD)
Em
1996 pesquisadores e o governo britânico reconheceram a existência de um novo
tipo de CJD. Ela foi chamada de Nova Variante da doença de Creutzfeldt-Jakob.
Distingue-se da forma clássica porque atinge pacientes muito mais jovens,
normalmente em torno de vinte anos e pela ocorrência, no início da síndrome, de
sintomas sensoriais e psiquiátricos (doença da vaca louca).
Os
pesquisadores descobriram que esta forma da doença é causada pela transmissão
de príons adquiridos através do consumo de carne e vísceras bovinas provenientes de animais
afetados pela encefalopatia
espongiforme bovina, vulgarmente conhecida tipo a doença da vaca louca.
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