A diabetes insipidus (DI) é uma doença caracterizada pela sede
pronunciada e pela excreção de grandes quantidades de urina muito diluída. Esta
diluição não diminui quando a ingestão de líquidos é reduzida. Isto denota a
incapacidade renal de concentrar a urina. A DI é ocasionada pela deficiência do hormônio antidiurético (vasopressina)
ou pela insensibilidade dos rins a
este hormônio.
O
hormônio antidiurético é produzido normalmente no hipotálamo do cérebro e liberado pela
neuro-hipófise. Ele controla o modo como os rins removem, filtram e reabsorvem
fluidos dentro da corrente sanguínea. Quando ocorre a falta desse hormônio (ou
quando os rins não podem responder ao hormônio) os fluidos passam pelos rins e
se perdem por meio da micção. Assim, uma pessoa com diabetes insípido precisa
ingerir grande quantidade de água em resposta à sede extrema para compensar a
perda de água.
Sinais e sintomas
A diurese excessiva e a sede intensa são típicos da DI. Os
sintomas do diabetes insipidus são similares aos da diabetes mellitus, com
a distinção de que não ocorre a glicosúria (urina doce) e não há hiperglicemia (glicose do sangue elevada). Problemas de visão são raros. A primeira
manifestação do diabetes insípido costuma ser noctúria pela perda de capacidade
de concentração da urina no período da noite. A apresentação clínica ocorre com
poliúria aumento da freqüência urinária e volume (volume urinário em 24 horas
> 3 l [> 40 ml/kg] em adolescentes e adultos e > 2 l/m2 de superfície
corporal [> 100 ml/kg] em crianças) e consequente aumento da ingestão de
água (polidipsia), sede intensa, com ingestão de grande quantidade de líquidos.
A velocidade de instalação dos sintomas é importante, visto que, na maioria dos
pacientes com diabetes insípido renal hereditário, a manifestação se verifica
já na primeira semana de vida. Nos casos de diabetes insípido central
hereditário, a manifestação pode ocorrer na infância após o primeiro ano de
vida ou na adolescência. Em adultos, o início dos sintomas costuma se dar de
forma súbita nos casos de diabetes insípido central e de forma insidiosa nos
casos de diabetes insípido renal. O aumento do volume urinário, que pode chegar
a 18 l em 24 horas, é compensado com o aumento da ingestão hídrica. O excesso
de diurese continua dia e noite. Estes pacientes tem uma grande suscetibilidade
à desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos. Em pacientes sem acesso livre a
água (por exemplo, sedados), com alteração hipotalâmica no centro da sede (por
exemplo, lesões hipotalâmicas) e naqueles com grande volume urinário, pode
haver distúrbios hidroeletrolíticos graves. Em crianças, a DI pode interferir
no apetite, no ganho de peso e no crescimento. Ela
pode levar à febre, vómitos ou diarreia. Adultos com uma
DI sem tratamento permanecem saudáveis por décadas desde que a ingestão de água
seja suficiente para compensar as perdas urinárias. Entretanto, há um risco
contínuo de desidratação.
Tratamento
A
DI Central e a DI gestacional respondem ao uso de desmopressina. Na DI
dipsogenica e na DI nefrogênica a desmopressina não surte efeito.
CRITÉRIOS
DE INCLUSÃO
Independentemente
da presença ou não de tumor, o tratamento do diabetes insípido central está
indicado. Serão incluídos os pacientes que tenham diagnóstico de diabetes
insípido central baseado nos dois critérios abaixo:
•
poliúria (volume urinário em 24 horas acima de 3 l [> 40 ml/kg] em adultos e
adolescentes e > 2 l/m2 de superfície corporal [> 100 ml/kg] em
crianças); e • resposta à administração de desmopressina - na vigência de
osmolalidade plasmática > 295 mOsm/kg ou sódio plasmático > 147mEq/l - com
aumento na osmolalidade urinária > 15% e osmolaridade urinária > 600
mOsm/kg.
CRITÉRIOS
DE EXCLUSÃO
Serão
excluídos deste protocolo de tratamento os pacientes que apresentarem
hipersensibilidade ou intolerância a desmopressina.
CASOS
ESPECIAIS
Pacientes
com diabetes insípido gestacional que atendam aos critérios de inclusão deverão
receber tratamento ao longo da gestação até a normalização do quadro, conforme
especificado no Item Monitorização, e ser monitorizadas após o parto para
identificar-se a necessidade de manutenção do uso de desmopressina.
TRATAMENTO
Desmopressina
é um análogo sintético do ADH com maior tempo de ação, maior potência
antidiurética e menor efeito pressórico quando comparado ao ADH. O tratamento
do diabetes insípido com desmopressina tem embasamento em séries de casos. O
primeiro relato de seu uso no tratamento de diabetes insípido central envolveu
uma série de 10 pacientes com a condição. Nesse estudo, que utilizou como
controles os dados históricos dos 10 pacientes no período em que usavam o ADH
como tratamento, a desmopressina mostrou-se segura e apresentou vantagens em
relação ao ADH, principalmente quanto ao número de aplicações do medicamento
(6-10 doses/dia com ADH e 1-3 doses/dia com desmopressina) e aos efeitos
adversos (comuns com ADH e não detectados com desmopressina. Pela inequívoca
demonstração de tratar-se de um fármaco com perfil de segurança e efetividade
favoráveis, a desmopressina no tratamento do diabetes insípido central foi
amplamente adotada, não existindo ensaios clínicos randomizados comparando ADH
e desmopressina no tratamento da condição. Desmopressina, que é um peptídio
resistente à ação das vasopressinases placentárias, é também o tratamento de
escolha no diabetes insípido gestacional, com dados de segurança favoráveis
tanto para a gestante como para o feto
FÁRMACO
•
Desmopressina: 0,1 mg/ml (100 mg/ml) com aplicação nasal (frasco de
2,5 ml em solução
ESQUEMAS
DE ADMINISTRAÇÃO
Há
duas apresentações de aplicação nasal de desmopressina disponíveis, com algumas
particularidades quanto à sua administração. A solução nasal é aplicada através
de túbulo plástico, que deve ser preenchido com a dose a ser utilizada, por
capilaridade (encostando uma ponta do túbulo na solução contida no frasco).
Após assegurar-se de que a dose está correta, uma das extremidades do túbulo é
colocada na cavidade nasal, e outra, na boca do paciente. Através da
extremidade colocada na boca, o medicamento é soprado para a cavidade nasal,
onde é absorvido. Já a aplicação por spray nasal é realizada através de jato
nasal com dose fixa de 10 mg/jato. O uso do spray nasal é mais simples,
porém não permite a flexibilidade das doses que a solução nasal possibilita. O
spray nasal fornece doses fixas múltiplas de 10 mg (por exemplo, 10, 20,
30 mg). Já a solução nasal possibilita a aplicação de doses múltiplas de
5 mg (por exemplo, 5, 10, 15, 20 mg), o que pode ser mais adequado
para alguns pacientes, principalmente para os pediátricos. A dose inicial de
desmopressina recomendada é de 10 mg em adultos e adolescentes e de
5 mg em crianças. Sugere-se que a dose inicial seja administrada à noite e
que o incremento gradual no número de aplicações e na dose seja feito de forma
individualizada, de acordo com a resposta do paciente. Existem graus muito variáveis
de deficiência do ADH, o que repercute na variabilidade da dose de manutenção
da desmopressinna, conforme a seguir:
•
desmopressina solução nasal - 5–20 mg, 1 a 3 vezes ao dia • desmopressina
spray nasal - 10–20 mg, 1 a 3 vezes ao dia ou spray)
TEMPO
DE TRATAMENTO
O
tratamento do diabetes insípido central deve ser mantido por toda a vida, visto
que a supressão de desmopressina pode causar risco ao paciente.
BENEFÍCIOS
ESPERADOS
O
tratamento do diabetes insípido central com desmopressina ocasiona melhora dos
sintomas e da qualidade de vida e evita complicações decorrentes de distúrbios
eletrolíticos em pacientes com deficiências graves do ADH9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário