segunda-feira, 17 de junho de 2013

Doença Coronária

Doença coronária é o termo habitualmente utilizado para descrever a acumulação de depósitos de gordura e de tecido fibroso (placas) no interior das artérias que fornecem sangue ao coração, ou seja, as artérias coronárias. Esta formação de placas nas artérias coronárias é denominada de aterosclerose coronária e pode levar a que estes vasos sanguíneos se tornem significativamente mais estreitos. Em consequência, verifica-se uma diminuição do fornecimento de sangue a determinadas zonas do músculo cardíaco, o que desencadeia um tipo de dor no tórax designado por angina de peito. A aterosclerose pode igualmente conduzir à formação de um coágulo de sangue dentro de uma artéria coronária estreitada. Este evento é responsável pela ocorrência de um ataque cardíaco, o qual pode causar uma lesão significativa do músculo cardíaco.
Os factores que aumentam o risco de desenvolvimento de uma doença coronária são basicamente os mesmos que aumentam o risco de desenvolvimento da aterosclerose:
·         Nível elevado de colesterol no sangue
·         Nível elevado de colesterol LDL, habitualmente denominado de “colesterol mau”
·         Nível baixo de colesterol HDL, habitualmente denominado de “colesterol bom”
·         Pressão arterial elevada (hipertensão)
·         Diabetes
·         História familiar de doença coronária numa idade precoce
·         Tabagismo
·         Obesidade
·         Inactividade física (uma vida sedentária com prática muito reduzida de exercício físico regular)
As doenças do aparelho circulatório, habitualmente associadas a doença coronária, são a principal causa de morte em Portugal, sendo responsáveis por cerca de 1/3 das mortes no nosso país. Numa fase mais precoce da vida, os homens apresentam um maior risco de doença coronária do que as mulheres. No entanto, depois da menopausa o risco da mulher acaba por igualar o do homem.

Prevenção
O doente pode ajudar a prevenir a doença coronária se controlar os seus factores de risco para a aterosclerose. Para esse efeito, o doente deve:
·         Deixar de fumar.
·         Ingerir uma dieta saudável.
·         Reduzir o colesterol LDL elevado (“colesterol mau”).
·         Reduzir a pressão arterial elevada.
·         Perder peso e praticar exercício para prevenir a diabetes.

Tratamento
A doença coronária causada pela aterosclerose é tratada com:
·         Alterações do estilo de vida. Estas incluem perder peso quando os doentes são obesos, deixar de fumar, fazer dieta e tomar medicamentos para reduzir o colesterol elevado, praticar regularmente exercício físico e realizar técnicas de redução do stress (meditação, biofeedback, etc.).
·         Nitratos (incluindo a nitroglicerina). Estes medicamentos alargam os vasos sanguíneos (são vasodilatadores), dilatando as artérias coronárias com aumento do fluxo de sangue para o músculo cardíaco. Estes medicamentos dilatam igualmente as veias do corpo, o que diminui a sobrecarga do coração através da redução temporária do volume de sangue que regressa ao coração para ser bombeado.
·         Beta-bloqueantes, tais como o atenolol e o metoprolol. Estes medicamentos diminuem a sobrecarga do coração ao reduzirem a frequência cardíaca e a força das contracções do músculo cardíaco, especialmente durante o exercício. As pessoas que tiveram um ataque cardíaco devem continuar a tomar um beta-bloqueante para o resto da vida para reduzir o risco de um segundo ataque cardíaco.
·         Aspirina. A aspirina ajuda a prevenir a formação de coágulos de sangue dentro das artérias coronárias estreitadas, pelo que pode reduzir o risco de um ataque cardíaco nas pessoas que já sofrem de doença coronária. Os médicos aconselham frequentemente as pessoas com mais de 50 anos a tomarem uma dose baixa de aspirina todos os dias para ajudar a prevenir um ataque cardíaco.
·         Medicamentos para baixar o colesterol. As estatinas - como a lovastatina, a sinvastatina, a pravastatina e a atorvastatina - tiveram um grande impacto na melhoria do risco de um ataque cardíaco e de morte nas pessoas com doença coronária ou em risco para o seu desenvolvimento. As estatinas reduzem o colesterol LDL e podem elevar ligeiramente o colesterol HDL. Tomar uma estatina com regularidade ajuda igualmente a prevenir que as placas sofram ruptura ou se fragmentem, o que diminui a probabilidade de um ataque cardíaco ou de agravamento da angina de peito. A niacina diminui o colesterol LDL, eleva o colesterol HDL e diminui também os níveis de triglicéridos. Os medicamentos denominados fibratos, tais como o gemfibrozil, são utilizados principalmente por pessoas com níveis elevados de triglicéridos. O ezetimibe actua no intestino, diminuindo a absorção de colesterol dos alimentos.
·         Bloqueadores dos canais do cálcio, como a nifedipina de acção longa, o verapamil, o diltiazem e a amlodipina. Estes medicamentos podem ajudar a diminuir a frequência da dor no peito nos doentes com angina.
Se a angina estável constituir uma limitação para o doente do ponto de vista físico devido à dor no peito, o médico irá provavelmente aconselhá-lo a efectuar uma angiografia coronária (cateterismo cardíaco) para verificar se existem bloqueios significativos. Um especialista em doenças do coração (cardiologista) pode igualmente efectuar este exame para diagnosticar uma doença coronária quando os outros exames são inconclusivos, numa emergência quando uma pessoa está a ter um ataque cardíaco e em algumas pessoas com uma insuficiência cardíaca congestiva recentemente diagnosticada.
Quando são encontradas uma ou mais obstruções significativas, o cardiologista irá determinar se esta(s) pode(m) ser eliminada(s) através de um procedimento denominado angioplastia com balão, também chamado de angioplastia coronária transluminal percutânea ou PTCA. Na angioplastia com balão é inserido um cateter numa artéria da virilha ou do antebraço e, em seguida, este é introduzido através do sistema circulatório até à artéria coronária bloqueada. Uma vez dentro da artéria coronária, um pequeno balão situado na ponta do cateter é insuflado de forma breve para abrir o vaso sanguíneo estreitado. Habitualmente, a insuflação do balão é seguida pela colocação de um stent, uma rede de arame que se expande com o balão e que permanece dentro da artéria para a manter aberta. O balão é então desinsuflado e o cateter é removido.
Se as obstruções não conseguirem ser eliminadas através da angioplastia com balão, o cardiologista irá provavelmente sugerir a realização de uma cirurgia de pontagem coronária (também conhecida por “bypass coronário”). Esta intervenção cirúrgica envolve o enxerto de um ou mais vasos sanguíneos nas artérias coronárias para efectuar um desvio (bypass) do sangue nas áreas estreitadas ou obstruídas. Os vasos sanguíneos a serem enxertados podem ser retirados de uma artéria situada dentro do tórax, de uma artéria do braço ou de uma veia longa da perna.

O objectivo de tratar os ataques cardíacos ou um agravamento súbito da angina é o restabelecimento rápido do fluxo de sangue na secção do músculo cardíaco que já não está a ser adequadamente irrigada. Os doentes recebem imediatamente medicamentos para o alívio da dor, bem como um beta-bloqueante para diminuir a frequência cardíaca e reduzir o trabalho do coração e aspirina associada a outros medicamentos para dissolver ou inibir a formação dos coágulos sanguíneos. Sempre que possível, os doentes são transferidos para uma unidade de cateterismo cardíaco para efectuarem de imediato uma angiografia e uma angioplastia com balão na obstrução mais significativa. Em algumas pessoas com doença coronária, outros sintomas ou complicações irão requerer tratamento com terapêuticas adicionais. Por exemplo, pode ser necessária medicação para tratar as arritmias cardíacas (ritmos cardíacos anormais), uma pressão arterial baixa ou uma insuficiência cardíaca.

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