A doença inflamatória pélvica é uma infecção do
útero, das trompas de Falópio ou dos ovários e é provavelmente a infecção grave
mais comum nas mulheres jovens, embora a sua incidência e prevalência sejam
desconhecidas em Portugal. Esta doença afecta geralmente as mulheres
sexualmente activas durante a idade fértil.
A doença inflamatória pélvica é uma causa comum de
infertilidade passível de ser prevenida. A infecção pode fazer com que o tecido
no interior das trompas de Falópio forme cicatrizes, o que pode danificar estas
estruturas ou obstruí-las completamente. Quanto mais vezes a mulher tiver este
tipo de infecção, maior o risco se tornar infértil. O risco duplica em cada
episódio da doença.
Os investigadores acreditam que a maior parte dos
casos se desenvolve a partir de doenças/infecções sexualmente transmissíveis.
As duas situações que têm maior probabilidade de conduzir a uma doença
inflamatória pélvica são a gonorreia e a infecção por Chlamydia. Sem tratamento, as bactérias que causam
estas doenças podem ascender no aparelho genital e causar uma doença
inflamatória pélvica.
A doença inflamatória pélvica geralmente
desenvolve-se num processo com dois estádios. No primeiro, os microrganismos
afectam o colo do útero (a abertura do útero). Em seguida, em cerca de 10% das
mulheres, as bactérias migram para o útero, para as trompas de Falópio ou para
os ovários. Mais raramente, a doença inflamatória pélvica pode desenvolver-se
se as bactérias atingirem as partes superiores do aparelho reprodutor depois de
um parto, da inserção de um dispositivo intra-uterino (DIU) ou de um aborto
induzido. Todos estes procedimentos comportam algum risco de infecção,
especialmente se a doente tiver igualmente uma doença/infecção sexualmente
transmissível (DST/IST).
A doença inflamatória pélvica é mais comum nas
mulheres com idade inferior a 25 anos que têm mais do que um parceiro sexual.
As mulheres que tiveram uma doença/infecção sexualmente transmissível
apresentam um risco mais elevado de ter uma doença inflamatória pélvica, o
mesmo acontecendo com as que já tiveram uma infecção pélvica prévia. Qualquer
mulher cujo parceiro sexual tem mais do que uma parceira apresenta igualmente
um risco aumentado de infecção pélvica.
Prevenção
Além de evitar as relações sexuais, não existe uma
forma segura de prevenir a doença inflamatória pélvica. No entanto, as mulheres
que mantêm relações sexuais estáveis com apenas um parceiro apresentam um risco
muito pequeno se nenhuma das pessoas tiver sido infectada com uma
doença/infecção sexualmente transmissível a partir de um parceiro prévio. Os
preservativos proporcionam protecção contra as infecções sexualmente
transmissíveis. Embora os contraceptivos orais possam prevenir a gravidez, as
mulheres com mais do que um parceiro sexual devem certificar-se de que os seus
parceiros usam preservativos sempre que têm relações sexuais por via vaginal.
Atendendo a que a maior parte dos casos de doença
inflamatória pélvica se encontra associada às doenças/infecções sexualmente
transmissíveis, o tratamento dos parceiros sexuais de uma mulher é essencial
para prevenir as infecções repetidas. Todos os parceiros sexuais recentes de
uma mulher com uma doença inflamatória pélvica devem ser examinados por um
médico e tratados como se tivessem quer gonorreia quer infecção por Chlamydia. Uma mulher com uma doença inflamatória
pélvica não deve voltar a ter relações sexuais enquanto os seus parceiros
sexuais não tiverem sido tratados.
Tratamento
O tratamento principal para a doença inflamatória
pélvica consiste na administração de antibióticos que, na maior parte dos
casos, e só por si, podem curar a infecção. Uma vez que a doença inflamatória
pélvica é frequentemente causada por mais de um tipo de microrganismo, podem
ser necessários dois ou mais antibióticos, que podem ser tomados por via oral
ou por via endovenosa. Se forem utilizados antibióticos orais, é importante que
a doente leve o tratamento até ao fim, mesmo que os sintomas desapareçam,
atendendo a que a infecção ainda pode estar presente depois de os sintomas
terem regredido. Na maior parte dos casos, os antibióticos devem ser tomados
durante 10 a 14 dias.
Se uma mulher estiver a ser tratada para uma doença
inflamatória pélvica, deve contactar o seu médico se após dois ou três dias de
tratamento não estiver a melhorar, pois pode ser necessário ser novamente
examinada.
Algumas mulheres com uma infecção grave necessitam
de ser internadas para serem tratadas com antibióticos por via endovenosa. Se a
febre e a dor não melhorarem ao fim de alguns dias, pode ser necessário
realizar uma ecografia ou uma tomografia computorizada (TAC) para verificar se
se formou um abcesso. Se assim for, a doente irá provavelmente necessitar de
ser submetida a uma intervenção cirúrgica, além do tratamento com antibióticos,
para curar a infecção.
Tal como acontece com qualquer infecção
significativa, o repouso no leito ou uma redução da actividade são importantes
para promover a recuperação. A dor e o desconforto podem ser aliviados com
medicamentos analgésicos, com banhos quentes e com sacos de água quente
aplicados na região lombossagrada (parte de baixo das costas) e no abdómen.
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