terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cancro da vagina


O cancro da vagina é o crescimento descontrolado de células anormais na vagina (órgão sexual feminino), também denominado canal do parto.
O cancro que começa na vagina é denominado cancro primário sendo, no entanto, raro. Mais frequentemente, as células cancerosas encontradas neste órgão pertencem a um cancro que teve início noutro local, como o colo do útero. Existem dois tipos principais de cancro primário da vagina: o carcinoma pavimento-celular e o adenocarcinoma.
A maioria dos cancros vaginais são carcinomas pavimento-celulares que se desenvolvem a partir da superfície do revestimento da vagina. Eles geralmente crescem de forma lenta, sendo mais frequentes na parte superior da vagina, próximo do colo do útero. Este tipo de cancro afecta tipicamente as mulheres com uma idade compreendida entre os 50 e os 70 anos.
Os adenocarcinomas formam-se a partir das glândulas que se encontram na parede da vagina. Este tipo de cancro é muito menos comum que o carcinoma pavimento-celular. No entanto, ele é o tipo mais comum de cancro da vagina nas mulheres com idade inferior a 20 anos. As filhas de mulheres que tomaram um medicamento, o dietilestilbestrol (DES - estrogénio sintético usado como anti-abortivo e na insuficiência ovárica), durante a gravidez apresentam um risco mais elevado de desenvolverem esta forma rara de cancro.
Reconhece-se actualmente que algumas lesões vaginais não cancerosas, denominadas neoplasias intra-epiteliais vaginais, representam uma alteração com probabilidade de desenvolver cancro. Esta neoplasia intra-epitelial vaginal encontra-se associada a infecções pelo papilomavírus humano (HPV), que podem igualmente conduzir a cancros do colo do útero, do ânus e da garganta.
Alguns tipos menos comuns de cancro da vagina incluem os melanomas malignos e os sarcomas. Os melanomas tendem a afectar a parte inferior ou externa da vagina, enquanto os sarcomas desenvolvem-se profundamente na parede vaginal.
Os sinais e sintomas de cancro da vagina incluem:
  • uma hemorragia vaginal anormal, frequentemente depois das relações sexuais, que não se encontra relacionada com o período menstrual
  • um corrimento vaginal não habitual
  • uma massa palpável na vagina
  • dor durante as relações sexuais
  • dor na região pélvica
  • dor ao urinar e obstipação.
Estas alterações ocorrem igualmente em diversas doenças menos perigosas ? e mais comuns ? tais como infecções, mas devem ser sempre avaliados por um médico.
Em alguns casos, uma mulher pode não ter quaisquer sintomas podendo, nessas circunstâncias, a doença ser encontrada durante um exame de rotina.
Tratamento
A escolha do tratamento depende do tipo de cancro e do seu estadio. O plano de tratamento toma igualmente em consideração a idade da mulher, a sua saúde global, a fertilidade e as preferências pessoais.
Os dois tratamentos principais para o cancro da vagina são a radioterapia e a cirurgia. A quimioterapia não demonstrou ser muito eficaz para o cancro da vagina, sendo apenas utilizada nos cancros em fase muito avançada (com ou sem radioterapia) e, nesses casos, geralmente como parte de um ensaio clínico.
Podem ser utilizados diversos tipos de radioterapia, incluindo a radioterapia com feixe externo, a radioterapia interna ou uma combinação destas. A radioterapia com feixe externo envolve direccionar cuidadosamente um feixe de radiações para o cancro a partir de uma máquina situada fora do corpo. A radioterapia interna, também denominada braquiterapia, envolve a colocação de materiais radioactivos dentro da vagina. Enquanto a radioterapia com feixe externo pode lesar os tecidos saudáveis próximos, a braquiterapia pode causar mais efeitos secundários vaginais, tais como a formação de cicatrizes nos tecidos vaginais.
Existem dois outros tipos de radioterapia interna. A braquiterapia em doses baixas, a qual envolve a colocação de material radioactivo dentro de um contentor cilíndrico introduzido na vagina durante um ou dois dias. E a terapêutica intersticial, a qual implica a colocação de materiais radioactivos directamente no tecido canceroso através de agulhas.
Apenas um pequeno número de cancros da vagina é tratado com cirurgia. Além disso, este tratamento pode não ser mais eficaz do que a radioterapia. Os adenocarcinomas no Estádio I constituem uma excepção. Nestes casos, os médicos podem remover cirurgicamente o tumor, algum tecido circundante e os gânglios linfáticos. Esta operação limitada pode ser seguida de radioterapia. Este tipo de tratamento pode ajudar a preservar a fertilidade da mulher, o que é importante, uma vez que estes cancros são mais comuns nas mulheres jovens.
As mulheres com cancros pavimento-celulares no Estádio II que não podem ser submetidas a radioterapia ? possivelmente devido ao facto de já terem efectuado radioterapia no passado para outro cancro ? podem igualmente ser submetidas a cirurgia.
A extensão da cirurgia depende do estadio e do tamanho do cancro. Os tipos de cirurgia incluem:
  • Cirurgia por laser. Envolve a utilização de um feixe de laser para destruir o cancro. Este método é frequentemente utilizado para tratar os cancros no Estádio 0.
  • Electroexcisão por ansa. Envolve a utilização de ondas de rádio de alta frequência e de baixa voltagem através de uma ansa metálica fina que elimina por excisão os cancros superficiais (Estádio 0).
  • Vaginectomia radical. Remove a vagina e os tecidos adjacentes.
  • Vaginectomia combinada com histerectomia radical. Remove a vagina, o útero e os tecidos adjacentes.
  • Linfadenectomia. Remove os gânglios linfáticos da virilha e da região pélvica.
  • Exenteração pélvica. Esta intervenção inclui uma histerectomia radical, uma vaginectomia e a remoção da bexiga, do recto e de parte do cólon.
Se houver necessidade de remover a totalidade ou parte da vagina, esta pode ser reconstruída com tecido de outra parte do corpo.
Prevenção
Para reduzir o risco de cancro da vagina deve cumprir as seguintes orientações:
  • Evite a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). A infecção pelo HPV é uma doença sexualmente transmitida comum que causa verrugas genitais. Determinados tipos de HPV encontram-se associados ao cancro do colo do útero e da vagina. Se estes órgãos forem infectados pelo HPV, as células podem crescer de uma forma anormal, o que aumenta a probabilidade de desenvolvimento de um cancro pavimento-celular. O risco de infecção pelo HPV aumenta com o número de relações sexuais não protegidas, número de parceiros sexuais ou se tiver relações sexuais com uma pessoa que tem muitos parceiros sexuais. Para evitar a infecção pelo HPV, deve usar sempre preservativos e limite o número dos seus parceiros sexuais. Os preservativos não previnem totalmente a infecção pelo HPV, mas podem reduzir o risco de infecção pelo VIH e de outras doenças sexualmente transmitidas.
  • Faça regularmente esfregaços de Papanicolau. Muitos cancros vaginais pavimento-celulares desenvolvem-se a partir de alterações na superfície da vagina. Estas alterações podem ser detectadas por um esfregaço de Papanicolau e podem ser tratadas antes de se desenvolver verdadeiramente um cancro. De um modo geral, os médicos recomendam que a mulher comece a realizar esfregaços de Papanicolau antes de se tornar sexualmente activa ou, pelo menos, por volta dos 21 anos de idade. Depois de três esfregaços de Papanicolau negativos, o médico pode realizar este exame com intervalos de dois a três anos (isso irá depender da sua idade e do risco de desenvolver um cancro do colo do útero). As mulheres com idade superior a 40 anos devem continuar a realizar um exame ginecológico anual.
  • Não fume. As mulheres com cancro da vagina apresentam um risco aumentado de cancro do pulmão. Uma vez que o cancro do pulmão se encontra relacionado principalmente com o consumo de tabaco, o tabagismo e o cancro da vagina podem estar associados.

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