segunda-feira, 17 de junho de 2013

Doença de Creutzfeld-Jakob

A doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma perturbação cerebral rara, fatal, provocada por partículas proteicas infecciosas denominadas priões. Os priões existem normalmente no ser humano mas, se mudaram a sua forma tridimensional, tornam-se patogénicos. As proteínas saudáveis apresentam uma conformação tal que lhes permite funcionarem normalmente, mas a proteína deformada provoca doença ao “obrigar” as outras próximas a mudar a sua forma saudável para a forma não saudável, patogénica. Desta forma, um prião “doente” induz mais priões “doentes”, transformando as proteínas saudáveis.
Os sinais e sintomas mais frequentes da DCJ são a demência rapidamente progressiva, com declínio mental, e movimentos musculares espasmódicos involuntários denominados mioclonias. Cerca de 90% das pessoas com DCJ morrem ao fim de 1 ano do diagnóstico.
Oitenta e cinco a 95% dos casos da DCJ  (denominados DCJ esporádica) poderão originar-se de mutações esporádicas quando o ADN (ácido desoxirribonucleico) da proteína normal do cérebro é modificado por ela e origina um prião patogénico. Nalguns casos, a mutação é hereditária (passa de pais para filhos), surgindo com maior frequência nas comunidades de judeus nascidos na República Checa, na Eslováquia, no Chile e na Líbia. Tendo em conta que os efeitos derivados desta transformação ocorrem muito lentamente, a DCJ hereditária, tal como a anterior, esporádica, não causa manifestações antes da vida adulta.
Os priões “doentes”também podem passar de um animal para uma pessoa ou de uma pessoa para outra. Felizmente, é difícil contrair este tipo de doença. Uma forma de DCJ denominada “variante” mostra uma progressão mais lenta de lesão cerebral, manifesta-se inicialmente mais por sintomas psiquiátricos e tem tendência para afectar pessoas jovens. Esta “variante” relaciona-se com a ingestão de carne de vaca doente com a denominada “encefalopatia espongiforme bovina” (BSE), ou “doença das vacas loucas”, que é também provocada por priões.
Na década de 90 do século XX descreveram-se os primeiros casos desta “variante” de DCJ no Reino Unido, provocados pela ingestão de carne de vaca infectada pela doença. Desde então, as alterações na criação do gado bovino e as práticas de processamento ajudaram a limitar o número de novos casos.
É extremamente raro que a DCJ se propague de uma pessoa para outra. No entanto, em casos muito raros, a “variante”foi transmitida através de transfusão de sangue, e casos de DCJ esporádico resultaram de um procedimento médico (equipamento contaminado), de tecido contaminado (tais como córneas que são usadas para transplante) ou de injecções de hormonas extraídas de tecidos de humanos infectados com a doença.

Prevenção
A maioria dos casos de DCJ,a forma esporádica, é provocada por mutações no ADN da proteína priónica, facto que não pode ser  evitado, mas, felizmente, raro.
Os casos de DCJ provocados por procedimentos médicos ou pela ingestão de carne animal infectada, são ainda mais raros. Os profissionais de cuidados de saúde minimizam o risco ao manusear os líquidos biológicos e tecidos dos doentes com extrema precaução e ao usarem métodos de esterilização especiais para desinfectar o equipamento. De modo semelhante, a indústria de criação de gado bovino e a indústria de processamento de carne de vaca tomaram novas precauções que ajudaram a tornar o risco de infecção através da ingestão de carne de vaca, muito pequeno.
Os bancos de sangue estabeleceram também restrições adicionais aos dadores de sangue.

Tratamento

Não se pode curar a DCJ, mas tratam-se algumas das suas manifestações. Por exemplo, analgésicos para aliviar a dor e fármacos anticonvulsivantes, tais como o clonazepam e o ácido valpróico, para os espasmos musculares. No futuro, possivelmente, poderemos vir a ter uma vacina ou alguma droga dirigida especificamente ao mecanismo da doença.

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